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Igualdade de gênero: desafios e oportunidades no ecossistema digital

A busca pela igualdade de gênero tem sido um tema recorrente em discussões sociais e econômicas, não sendo diferente no mercado de tecnologia e telecomunicações. Apesar dos debates, discussões e uma perceptível e recente inclusão das mulheres neste mercado historicamente e predominantemente masculino, ainda são evidentes as disparidades de gênero, tanto na ocupação de cargos quanto na representatividade em espaços de liderança e poder.

De acordo com dados da OCDE[1], a porcentagem de homens que trabalham em cargos de TIC é sete vezes superior à porcentagem de mulheres que ocupam o mercado. Além disso, segundo relatório do LayOffs Brasil, as mulheres representam mais da metade da força de trabalho atingida pela onda de cortes de funcionários em startups e empresas de tecnologia brasileiras. Outro dado preocupante é a sub-representação feminina em estudos, artigos científicos e pesquisas, demonstrando um descompasso em áreas de produção intelectual que impulsionam a inovação.

Há muitos motivos e discussões que podem explicar a vacância feminina no ecossistema digital, entretanto, o objetivo aqui é refletir sobre como o papel feminino neste mercado é fundamental e poderia ter impactos altamente positivos. Diversidade em equipes de trabalho está diretamente ligada a maior criatividade e inovação – elementos essenciais para o desenvolvimento de tecnologias e estratégias disruptivas. Estudos mostram que empresas diversas têm mais chances de superar desafios complexos e oferecer soluções eficazes, justamente porque incorporam diferentes perspectivas.

Além disso, a participação feminina é essencial para evitar vieses nos produtos e serviços digitais, especialmente no contexto da inteligência artificial. Algoritmos treinados e desenvolvidos por equipes homogêneas podem perpetuar preconceitos ou excluir necessidades de diferentes grupos. Como garantir que as ferramentas digitais sejam inclusivas se a representatividade no processo de criação ainda apresenta lacunas de gênero?

Cabe destacar, ainda, outro espectro do potencial do mercado digital para a transformação da vida das mulheres, possibilitando caminhos para o empoderamento financeiro e social. Com o crescimento do trabalho remoto e de plataformas digitais após a pandemia de COVID-19, muitas mulheres encontraram novos caminhos para gerar renda e equilibrar responsabilidades. A flexibilidade do ambiente digital é crucial, especialmente para aquelas que enfrentam desafios estruturais para ingressar no mercado formal de trabalho.

Neste cenário, é possível observar que empresas que promovem maior diversidade e preocupação factível com a presença feminina em espaços de poder possuem um positivo retorno em termos de inovação e resolução de problemas. Para isso, é fundamental refletir em medidas e programas que visam o incentivo e a inclusão feminina em tais espaços, assim como no de desenvolvimento das competências necessárias para o mercado de trabalho de telecomunicações, inovação e tecnologia.

Para isso, há diversas ferramentas e estratégias que podem ser utilizadas de modo a fomentar a participação feminina, como é o caso da promoção do empreendedorismo feminino, o aumento de políticas inclusivas em postos de trabalho, além de políticas públicas que incentivem meninas a participarem do futuro digital. Embora a jornada pela equidade de gênero no mercado de tecnologia e inovação ainda seja desafiadora, o progresso é tangível. Promover a inclusão feminina não é apenas uma questão de justiça social, mas também uma estratégia inteligente para criar soluções tecnológicas mais inovadoras, diversas e representativas. Ao investir na presença feminina em espaços de poder e no desenvolvimento de competências, construímos um futuro digital mais inclusivo e sustentável.

 

[1] OECD Digital Economy Outlook 2024 – Strengthening Connectivity, Innovation and Trust, Vol. 2. Disponível em: <https://www.oecd.org/content/dam/oecd/en/publications/reports/2024/11/oecd-digital-economy-outlook-2024-volume-2_9b2801fc/3adf705b-en.pdf>.

 

Autora: Marina Oliveira

Sobre a autora: Internacionalista pela Universidade Católica de Brasília, com 5 anos de experiência no acompanhamento e formulação de políticas públicas. É Especialista em Relações Institucionais da ABRINT – Associação Brasileira de Provedores de Internet e Telecomunicações.

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